Texto trazido da página do Veganagente no Facebook
Tem sido celebrada aquela que foi a maior marcha pelos Direitos Animais da história humana até hoje: uma manifestação de mais de 30 mil pessoas em Tel-Aviv, Israel, pela libertação dos animais não humanos. O fato de haver dezenas de milhares de pessoas juntas defendendo o veganismo e (supostamente) os direitos fundamentais para os animais não humanos é animador para os movimentos vegano-abolicionistas de cada país do mundo, mas, como foi um protesto realizado em Israel, Estado conhecido por suas políticas históricas de opressão ao povo palestino, sou muito reticente sobre se esse protesto realmente defendia direitos fundamentais e libertação.
Até o momento, os movimentos israelenses defensores dos Direitos Animais devem ao mundo um posicionamento sobre o que pensam sobre a Palestina e todos os crimes cometidos pelo Estado israelense contra ela e seu povo. Nem que seja algo do tipo “Não temos uma resposta oficial porque nossos membros possuem pensamentos diferentes e divergentes sobre a questão”.
Não é que o movimento animalista israelense tenha a obrigação de defender diretamente, e com a mesma dedicação de tempo e esforço, causas humanas em suas pautas. O que tem chamado a atenção aqui é que não sabemos o que os veganos daquele país pensam sobre os seres humanos palestinos, que também são sencientes e demandantes de direitos e liberdade.
O que tem parecido para o mundo é que os movimentos e indivíduos veganos de Israel não ligam de maneira nenhuma para a miséria, o apartheid e as condições de vida sub-humanas em que o Estado de Israel e os colonos israelenses que invadiram as terras palestinas afundaram aquele povo. Que consideram os animais não humanos moralmente superiores aos palestinos, aos árabes e muçulmanos em geral e também às minorias israelenses – posição que, se for verdadeira mesmo, é um atentado gravíssimo contra os princípios éticos básicos dos Direitos Animais e do veganismo.
Portanto, é normal e natural que um movimento que defende ética, direitos e libertação seja cobrado para falar sobre uma causa humanitária e também ética que está geograficamente tão próxima e tem marcado a história de seu país desde o surgimento dele como Estado moderno.
Quando pedimos uma posição dos veganos israelenses sobre a opressão na Palestina, não estamos exigindo que integrem ativamente o movimento de solidariedade judaico-israelense aos palestinos. Mas sim que nos revelem se sua ética de respeito aos seres sencientes é mesmo verdadeira, coerente, universal e séria, ou é um discurso hipócrita marcado pela conveniência moral de se dizer “vegano” e ocasionalmente “mais puro que os onívoros” e, ao mesmo tempo, ser racista, xenófobo e intolerante-religioso.
A defesa dos Direitos Humanos num país que os viola de maneira tão sistemática é uma causa tão urgente, nivelando por cima, quanto a dos Direitos Animais. Isso é inviável de se negar. Não faz sentido ser um israelense vegano que, ao mesmo tempo que tem um consumo orientado pela consciência ética e pela empatia, odeia os palestinos e os considera seres “inferiores”, uma “escória” que “deve” ser discriminada, expulsa de suas terras e até exterminada.
Assim sendo, deixo aqui minha demanda aos veganos de Israel – e também aos veganos de todo o planeta, inclusive os do Brasil, que têm conhecimento do apartheid israelense contra os palestinos – para que revelem qual é sua posição em relação a esse crime contra a humanidade cometido desde a década de 1940 pelo Estado de Israel e pelos defensores e adeptos do nacionalismo sionista.