Atualizado em 22/04/2020
O veganismo tem crescido impressionantemente. Diante dessa palavra tão comentada, surge naturalmente, na sua cabeça, se você ainda não é vegana, a seguinte pergunta: o que é veganismo?
Convido você a ler este artigo, no qual você será introduzida a esse assunto, e responder às suas dúvidas mais básicas.
1. O que é o veganismo?
O veganismo, segundo a Vegan Society da Grã-Bretanha (tradução minha, grifos meus):
“é um modo de vida que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade promovidas contra animais para fins de alimentação, vestuário e qualquer outro propósito.”
A Vegan Society ressalta também que:
“Dos veganos fãs de junk-food aos crudívoros, e todos das categorias intermediárias, há uma versão de veganismo que se adequa a cada pessoa. Porém, uma coisa que todos nós veganos temos em comum é uma alimentação vegetal que evita todo e qualquer alimento de origem animal, como carne (incluindo peixes, moluscos e insetos), laticínios, ovos e mel – assim como produtos como couro e qualquer um testado em animais.”
O veganismo tem como objetivo geral contribuir para a abolição de toda e qualquer tradição de exploração animal e inferiorização dos animais não humanos em relação aos humanos.
É baseado num princípio ético: reconhecer os animais não humanos como nossos iguais e, portanto, tão merecedores do nosso respeito e de direitos fundamentais quanto nós. Ou seja, como dignos dos chamados Direitos Animais, versão não humana dos Direitos Humanos, como os direitos à vida, à liberdade, à integridade física e psicológica, à socialização e a não ser propriedade dos humanos.
E também se alicerça num objetivo político: combater e erradicar o especismo, o preconceito e tradição que considera os animais não humanos como moralmente inferiores aos humanos, e suas implicações práticas (exploração animal, violência contra os animais, tratamento de animais como propriedade e mercadoria etc.).
2. O que o veganismo não é?
O veganismo não é:
- Uma denominação religiosa ou espiritual;
- Uma ordem esotérica de mistérios (como a maçonaria e algumas religiões);
- Um estilo de vida – considerando que um estilo de vida influencia gostos e preferências individuais de roupas, música, turismo, lazeres, gastronomia etc. e o veganismo não tem o propósito de criar e manter um estilo de vida à parte dos demais;
- Uma filosofia de vida – considerando que uma filosofia de vida foca-se em dar um norte moral que engrandeça e melhore a vida do indivíduo e lhe proveja bem-estar e felicidade, e o veganismo não é uma posição ética centrada no indivíduo adepto;
- Um hábito de consumo – o veganismo inclui um hábito de consumo específico, o que é diferente de ser esse hábito;
- Um conjunto de obrigações, permissões e proibições que deve ser seguido, sob pena de punições ou em prol da obtenção de recompensas;
- Um modo de vida a que se pode aderir por motivos de bem-estar individual, como saúde, “boa forma”, autoafirmação perante a sociedade e inclusão num grupo social.
3. O que o vegano faz para ser considerado vegano?
São práticas veganas:
- Evitar o consumo de todo e qualquer alimento parcial ou totalmente de origem animal, como carnes, laticínios, ovos, produtos da apicultura, alimentos com corante carmim-cochonilha, gelatina comum, biscoitos com soro de leite na composição, macarrão contendo ovos na massa, chiclete com gelatina comum, molho de tomate contendo carne entre os ingredientes etc.;
- Evitar o uso também de produtos não alimentícios que são totalmente de origem animal ou possui algum ingrediente com essa procedência, como cremes dentais com glicerina animal, sabonetes e sabões com sebo, cremes de barbear com lanolina, amaciantes de roupa com ingrediente de origem animal, pincéis com cerdas de pelo animal, batons com cera de abelha etc.;
- Boicotar, na medida do possível, empresas que realizam ou subsidiam testes em animais, não comprando seus produtos enquanto a companhia não anunciar o abandono total do uso de cobaias para testar seus produtos;
- Não prestigiar entretenimentos que exploram animais, como rodeios, vaquejadas, touradas, zoológicos, aquários, circos com animais, parques aquáticos com apresentação de cetáceos e peixes, cavalgadas, rinhas, turfes, corridas de cães, competições de hipismo, corridas de carroças ou trenós puxados por animais, gincanas envolvendo galinhas, competições de TV que usam roedores etc.;
- Não usar animais como meio de transporte ou tração, ou seja, não andar de carroças, carruagens e trenós puxados por tração animal, nem montar em cavalos, burros, jumentos, camelos, elefantes e outros animais;
- Ser contra o sacrifício de animais em rituais religiosos, buscando o diálogo intra ou intercultural com adeptos da religião os quais promovem sacrifícios e atuando de outras formas não violentas, de modo a adaptar as religiões que atualmente sacrificam animais, e suas teologias, à ética vegana;
- Posicionar-se sinceramente contrário a toda e qualquer forma de exploração animal;
- Defender o fim do especismo através de meios que não impliquem violência contra seres humanos e não humanos, como o diálogo educativo com pessoas não veganas, o ativismo defensor dos Direitos Animais e o envio de e-mails com avisos de boicote ao SAC de empresas que testam seus produtos em animais;
- Ser coerente na prática da ética animal, não infligindo ou defendendo contra humanos violências e discriminações que costuma combater quando impostas contra os demais animais.
Considerações finais
Agora que você tem uma noção inicial sobre o que o veganismo é e defende, eu te convido a conhecer mais a fundo a ética animal que o fundamenta. Você poderá entender melhor por que os animais não humanos merecem direitos e o especismo é uma violência que deve ser erradicada do mundo.
Existe uma versão expandida deste artigo, respondendo a 13 dúvidas ao invés de apenas três, no primeiro capítulo do livro Veganismo: as muitas razões para uma vida mais ética.
Nele você saberá, entre outras respostas, se dá para você ser vegana sem ser pelos Direitos Animais, por que nós fazemos tanta questão de “pregar” o veganismo e por que o veganismo tem crescido tanto, além de uma lista completa dos ideais defendidos pelo veganismo. Os outros 39 artigos do livro completam ainda mais o conteúdo deste.
Os animais não humanos serão os grandes beneficiários, e você também acabará colhendo excelentes frutos dessa escolha ética.
4 comments
LAMENTO DIZER MAS TODO RADICALISMO OU EXTREMISMO NÃO SAO PRODUCENTES, ACREDITO QUE TODAS ESTAS PROPOSTAS FLEXIBILIZADAS, SERIAM MUITO MAIS EXEQUIVEL E UTEIS AO TODO.
Como seria “flexibilizar essas propostas”?
Muito bom Robson, vou compartilhar sim, parabéns pela sua dicação à causa.
Valeu, Ivo =) Abs!