
Desde a segunda metade de outubro passado, um conteúdo vem estarrecendo muita gente e causando controvérsia. Trata-se do vídeo do canal VegetariRango intitulado “Veganos: Compram de marcas não veganas? (Unilever, Nestlé etc.) Você compraria?”.
Num vídeo repleto de falácias, especismo e muito desrespeito contra quem discorda dele, o youtuber defende o posicionamento de que seria “tudo bem” para o vegano comprar produtos sem nada de origem animal de Unilever, Nestlé, Coca-Cola e outras corporações que persistem em testar em animais parte dos ingredientes de seus produtos.
Mas afinal de contas, os argumentos dele fazem algum sentido? Veganos não violam a ética dos Direitos Animais ao dar dinheiro para essas empresas? Boicotá-las não funciona mesmo? E os veganos “radicais” (como ele se refere) realmente boicotam toda e qualquer empresa não vegana?
Saiba nesta resposta, que é vegana e verdadeiramente defensora da libertação animal, ao vídeo dele. Neste artigo eu respondo a cada um dos argumentos que ele usa em defesa do consumo “vegano” de produtos feitos de empresas que testam em animais e mantêm outras políticas especistas.
Falácias do espantalho, intolerância e desrespeito: o que ele fala sobre quem é contra testes em animais e defende o fim do especismo
Antes de responder diretamente aos argumentos do VegetariRango, quero chamar sua atenção para as falácias do espantalho, insultos e palavrões que ele usa contra quem tem um posicionamento diferente do dele, além de mostrar por que a argumentação que ele atribui a nós é falsa.
Ele deixa claro, o tempo todo, que não respeita quem pensa diferentemente dele. Ridiculariza, xinga, usa expressões faciais e entonações de voz que visam causar dois ódios – dos telespectadores que “aprendem” com ele contra nós veganos antiespecistas e de nós contra ele.
Ele parece querer que os seus opositores se deixem levar pela ira de vê-lo provocando-os e então respondam de maneira furiosa e agressiva, de modo que ele mostre o quanto “tem razão” ao não os respeitar e ao nos pintar como “extremistas intolerantes”. Isso quando quem demonstra intolerância ideológica e aversão ao debate sério é ele próprio.
Além dos insultos e das provocações, ele insiste que nós seríamos “eganos”, ou seja, veganos arrogantes que pensam não nos animais, mas sim no próprio ego. Só que quem defende o consumo de produtos de origem antiética e especista e coloca o prazer de comer a “carne plant-based” e a maionese vegetariana de multinacionais acima da vida e integridade de cobaias, trabalhadores e animais vítimas de poluição não somos nós.
Também não somos nós quem acredita que compensa apoiar e financiar empresas que não só têm um amplo histórico de crimes ambientais e trabalhistas, marketing abusivo e incentivo à alimentação nociva à saúde, como também não pretendem parar de explorar cobaias em seus laboratórios, em prol de uma duvidosa redução da quantidade de animais mortos em abatedouros.
Em outras palavras, quem coloca os prazeres de um consumo falsamente vegano num pedestal acima dos animais mortos em laboratórios e em oceanos cheios de plástico e dos seres humanos vítimas da exploração trabalhista e dos malefícios dos ultraprocessados à saúde não é quem ele chama de “eganos”.
O desrespeito do VR contra discordantes também se reflete nos posicionamentos que ele nos acusa de usar. O principal deles é o de que estaríamos defendendo o boicote incondicional contra toda e qualquer empresa não vegana.
Segundo ele, estaríamos boicotando das corporações do nível de Unilever e Nestlé até aquelas que já abandonaram quase todas as políticas especistas e só fabricam ainda um ou dois produtos com algum ingrediente de origem animal.
Para o azar dele e de seus apoiadores, não é isso que defendemos. Nosso posicionamento não é de boicotar empresas que simplesmente não sejam veganas.
Mas sim evitar aquelas que ainda realizam ou terceirizam testes de seus insumos (hoje não é mais comum testar produtos finalizados) em animais e/ou patrocinam algum evento especista, como rodeios, desfiles de moda que promovem o uso de peles naturais, touradas e “esportes” que exploram animais.
Aliás, nossa atitude não é de apenas boicotá-las, mas sim de pressioná-las por diversos meios para que abandonem essas políticas especistas e substituam, abrupta ou gradualmente, os ingredientes de origem animal que ainda utilizam. Para isso, é comum enviarmos e-mails que, por exemplo:
- Anunciam boicote e prometem comprar apenas da concorrência vegan-friendly;
- Exigem o fim dos testes em animais e dos patrocínios especistas;
- Incentivam que eliminem os ingredientes de origem animal de suas linhas de produtos;
- Perguntam se ainda testam em animais ou já pararam;
- Exortam-nas a considerar o público vegano e respeitar os animais.
Outro espantalho que o youtuber usa é que o boicote vegano visaria maliciosamente quebrar empresas por serem negócios típicos do capitalismo. Também não é verdade, já que nem todos os veganos adeptos do boicote são anticapitalistas – pois muitos ainda acreditam que o ativismo vegano-libertacionista pode vir a reformar e humanizar o capitalismo.
Além disso, de fato muitos de nós lutam para que o capitalismo seja abolido e substituído por um sistema econômico e social igualitário, democrático (muito mais do que as democracias liberais), ecológico e livre de opressão, como o ecossocialismo ou o anarquismo.
Só que essa luta não consiste em boicotar empresas para levá-las à falência. Não é assim que a luta anticapitalista funciona.
Fé nas corporações e especismo contra cobaias: como o vídeo reduz o veganismo a um vegetarianismo sem critérios éticos centrado em produtos ultraprocessados e grandes corporações

Falando em empresas, nos chama a atenção também que o VR tenta influenciar seus seguidores a ter fé no mercado, ou melhor, nos caprichos das grandes corporações, e na “redução” do sofrimento e da morte de animais por meio do incentivo a empresas que não querem parar de explorar animais. É essa fé que eu questiono a seguir.
Ele diz:
“Primeiro as empresas precisam sentir que aquele mercado é confiável, vai ter público pra consumir aquele tipo de produto, para aí sim elas pensarem em tirar os produtos de origem animal das gôndolas do mercado.”
Em seguida complementa:
“A matemática é mais simples do que você imagina: você para de consumir, eles param de vender. Só que isso funciona tanto pra produtos de carne quanto pra produtos veganos que você não tá consumindo.”
Só que não é bem assim que funciona. O crescimento da comercialização de produtos vegetarianos, se não vier com o devido compromisso ético da empresa de abandonar suas políticas especistas, nunca irá fazê-la retirar os também lucrativos produtos não vegetarianos da sua linha de produtos.
Não faz sentido uma empresa claramente especista deixar de produzir itens de origem animal que, numa sociedade que (com a anuência dos defensores do “veganismo” liberal) não está se tornando menos especista, nem tão cedo deixarão de lhe trazer vultosos lucros.
Para ela, a lógica de que “se você para de consumir, eles param de vender” não se aplica porque, sem a atuação do veganismo político que o VR tanto odeia, os não veganos nem tão cedo vão parar de comprar produtos animais.
Nesse contexto, um produto “vegano” de uma empresa persistentemente especista sempre será apenas uma opção voltada para um nicho de mercado específico. Quem é especista e não quer se tornar vegano só irá consumi-lo, por exemplo, para experimentar seu sabor e ter uma opção a mais, dificilmente para substituir os itens com ingredientes de origem animal.
Ele prossegue:
"As empresas colocam um produto vegano (sic) na gôndola do mercado. E você escolhe ou não consumir aquele produto. [O vegano antiespecista] fala: 'Ah não, eu não vou consumir esse produto porque é de grande empresa, capitalista [...]'. Aí o que elas fazem? Tiram o produto da gôndola do mercado. Quem perde com tudo isso? São os animais."
Ao longo do vídeo, em trechos como esse, percebemos que ele define “produto vegano” simplesmente como produto desprovido de ingredientes de origem animal. Ou seja, como produto simplesmente vegetariano.
Como o vídeo dele deixa claro, o que ele chama de “produto vegano” não tem nada a ver com a ética vegana, já que o dinheiro arrecadado de sua compra, independente de ter ou não ingredientes de origem animal, poderá muito bem ser usado pela corporação para financiar cruéis testes em animais e/ou eventos patrocinados de exploração animal.
Destaque para a falácia do espantalho de que o vegano libertacionista não consome o tal produto falsamente vegano “porque é de grande empresa, capitalista”. Por meio dela, ao demonstrar achar que capitalismo se combate deixando de consumir produtos, o VR demonstra que não entende nada sobre como os veganos anticapitalistas lutam contra esse sistema socioeconômico.
Mais adiante, ele diz:
"Quando 98% dos brasileiros comem produtos de origem animal, se você tirar um produto vegano (sic) da gôndola do mercado, você está impossibilitando que esses 98% consumam esse produto."
"Se o veganismo não der dinheiro pras empresas, eles vão voltar a fazer produtos com carne, com leite, com ovo [...]"
Ele parece não entender a indústria alimentícia. Desde sempre muitas grandes empresas do setor possuem produtos sem ingredientes de origem animal entre a maioria das suas marcas. Só que o sucesso de nenhum deles as induziu a diminuir a produção dos itens com componentes animais.
Eu menciono alguns exemplos:
- Os salgadinhos vegetarianos da Elma Chips (cuja empresa-mãe hoje é a Pepsico) nunca induziram a retirada de nenhum salgadinho com ingredientes de origem animal do mercado. No máximo alguns poucos foram livrados de componentes animais, como o Cebolitos, enquanto Cheetos, Baconzitos e outros continuam contendo extratos de carne e/ou derivados de leite entre seus ingredientes;
- As ótimas vendas dos temperos vegetarianos Knorr, tais como o de legumes, nunca convenceram a Unilever, sua empresa-mãe, a retirar das prateleiras os que contêm extrato de carne, como os de sabores Galinha, Carne e Picanha, tampouco a substituir os ingredientes de carne animal destes por alternativas de origem vegetal ou sintética;
- Mesmo havendo mercado e demanda crescentes de produtos sem lactose, os quais indiretamente beneficiam veganos e vegetarianos, a Nestlé não produz chocolates sem leite no Brasil hoje;
- A Batavo nunca aproveitou as boas vendas da linha Naturis Soja e o crescimento do consumo de leites vegetais para retirar suas linhas de laticínios do mercado e substituí-las por novos leites de soja, amêndoas, arroz etc. A Naturis Soja nunca deixou de ser uma mera opção para vegetarianos e intolerantes a lactose.
Em todos esses casos, os não veganos já têm um acesso cada vez mais amplo a opções sem nada animal, mas nem por isso se veem incentivados a eliminar completamente os produtos não vegetarianos de sua cesta de compras. A tendência é que vejam os produtos “veganos” apenas como uma interessante opção que se soma aos não veganos, e nada mais.
Mais adiante, o youtuber assume que não luta por um futuro em que as empresas adotem políticas de respeito aos animais e ao meio ambiente, ao dizer:
"No final das contas, não é que eles querem maltratar ou não os animais. Eles querem ganhar dinheiro [...] Eles estão cagando pros animais e até pra você também. Só que se você der dinheiro pra eles, eles começam a ganhar pra você (?) também."
Nessa lógica claramente especista e aética, fica evidente que o objetivo do “consumo vegano” defendido por pessoas como ele não é fazer valer os Direitos Animais prevalecerem na economia, mas sim apenas diminuir o número de animais explorados. Ou seja, a mera “redução do sofrimento animal” defendida pelo “veganismo” liberal.
Para defender esse “veganismo” que aceita o especismo, VR usa o exemplo da Alemanha:
"Na Alemanha [...] existe um mercado vegano (sic) superaquecido. Dez por cento da população se considera vegana, porém lá todo mundo [que não é vegano nem vegetariano] consome produtos veganos (sic)."
"Eu fui na casa de pessoas que não eram veganas e tinha lá no rótulo 'Vegano', em produto de limpeza, comida... Pessoa no restaurante comendo coisa vegana, tomando sorvete vegano [...] [A pessoa fala:] 'Eu gosto, são bons os produtos, porque faz bem, eu tô pensando na possibilidade de ter uma vida mais saudável'. Ou seja, [...] as pessoas já estão diminuindo, já estão tomando uma consciência, não é maravilhoso isso?"
"Na Alemanha, a McDonald's tem lanche vegano (sic)! Imagina, num ano, quantos milhares de animais estão deixando de ser abatidos por causa de um único lanche que tá lá na McDonald's pra galera comer."
Nesses trechos percebemos novamente que ele confunde veganismo com vegetarianismo, a alimentação sem nada de origem animal nem sempre adotada por motivos éticos. Em nenhum momento ele fala do veganismo como algo que vai muito além de um hábito de consumo.
E se conforma com a mera redução do número de animais abatidos, não se importando se essa redução tem ou não relação com o desenvolvimento da luta contra o especismo e a disseminação da consciência de que os animais não humanos merecem o mesmo respeito nivelado por cima que nós humanos.
Antes de você se animar em achar que o relato dele sobre o mercado alemão representa o crescimento do veganismo propriamente dito – o modo de vida ético antiespecista -, perceba que ele fala simplesmente de produtos sem nada de origem animal.
Ele não disse nada sobre, por exemplo, a diminuição gradual do especismo na Alemanha, o banimento de “esportes” que exploram animais, o fechamento de laboratórios de testes em cobaias, a adoção de leis antiespecistas, o reconhecimento jurídico dos animais não humanos como sujeitos de direito etc.
Sua fala é simplesmente sobre produtos vegetarianos que estão vendendo cada vez mais. Por causa do sucesso desses itens, ele acha que isso está diminuindo o número de animais mortos. Não pensou se essa diminuição está ocorrendo por motivos alheios à ética antiespecista e, portanto, poderia ser revertida num futuro próximo em que a moda dos ultraprocessados “plant-based” acabe e os produtos animais voltem a fazer sucesso.
Esse conformismo dele por uma possível perpetuação do especismo se revela de novo quando ele revela não se opor aos testes em animais:
"Se você acha que [não consome] produtos que são testados em animais, a carne de soja que você come [...], na década de 90 ela foi testada em animais. Nos EUA, tudo que é posto na gôndola do mercado é testado em animais. Então tudo que você tem na sua mesa já passou pelos EUA há 20, 30 anos atrás, então esse produto foi testado lá."
"Você tem que xingar a Anvisa dos EUA, a FDA, não as empresas. Pras empresas isso é um custo a mais. Agora, se a empresa tem um produto que não é testado em animais, é vegano, não tem nenhum ingrediente de origem animal, não tá bom?"
Nesses dois trechos, ele mostra que não entendeu nada sobre como o veganismo, por meio tanto do consumo quanto do ativismo, combate esse tipo de exploração animal.
É preciso esclarecer, diante dessa desinformação, que, primeiro, não nos importa se um ingrediente ou produto final foi testado em animais em anos passados. O que nos importa é se eles não são mais testados de maneira especista hoje. Ou melhor, que seu fabricante hoje não esteja mais explorando nenhuma cobaia.
Não são os animais que já morreram no passado que estamos defendendo hoje, mas sim os que estão para nascer para uma vida inteira de exploração e ser violentamente mortos.
Além disso, se a FDA nos EUA e a Anvisa no Brasil exigem testes em animais para alguns tipos de produtos, a solução para isso nunca será se conformar com essa exigência. Mas sim pressionar essas entidades a aceitar testes de segurança que poupem animais da exploração e, ao mesmo tempo, apoiar os pesquisadores que desenvolvem métodos substitutivos para esses testes.
Tanto é que, graças ao ativismo libertacionista, a Anvisa há alguns anos já não obriga mais diversos tipos de testes em animais, como os de irritação ocular e cutânea e os de fototoxicidade, por já terem métodos substitutos éticos. Se dependesse da atitude de pessoas como o VR, o uso de cobaias continuaria sendo obrigatório.
Um “amor” que tolera a exploração animal e suas violências

Para concluir as respostas aos argumentos do VR, quero dar um destaque à argumentação dele de que a defesa do boicote a empresas que testam em animais seria algo carregado “de ódio, raiva, de coisas tão negativas e pejorativas que eu não sei se combina bem com um movimento a favor de um mundo melhor, do amor aos animais”.
Nesses trechos, ele defende, se aproveitando da frase “Mais amor, por favor” que muitos usam, que o veganismo deixe de combater o especismo e passe a defender um vago “amor aos animais” desprovido de objetivos:
"Como eu sempre digo, a Madre Teresa de Calcutá, se você chamasse ela para uma passeata contra a guerra, ela não iria. Mas se você chamasse ela para uma passeata a favor da paz, ali era iria."
"Tem que ser a mesma coisa com os animais, você não tem que ser contra a carne. Você tem que ser a favor dos amor aos animais."
"Parece que é a mesma coisa [...], mas você está mudando a ótica, e de repente você pode mudar o mundo."
“Então por que espalhar o ódio se você pode espalhar o amor? Mas não é sobre isso o veganismo? Amor, a favor da vida? Sobre respeito e harmonia com outros seres?"
Ele distorce e despolitiza o veganismo, desvinculando-o do objetivo de banir o especismo e outras hierarquias morais e convertendo-o numa demonstração meramente individual – e bem hipócrita e limitada, por sinal – de “amor” aos animais não humanos.
Pelo que percebemos, esse “amor” não inclui ser contra aquilo que impõe exploração, violência e assassinato aos “amados”. Afinal, ele defende que “você não tem que ser contra a carne, [mas sim] a favor do amor aos animais”, relativiza a existência de testes que torturam e matam milhões de cobaias por ano e ignora as bilhões de vítimas não humanas da poluição e de outros crimes ambientais cometidos pelas corporações fabricantes de muitos produtos que ele acha “veganos”.
E o pior: sob esse pretexto, ele deixa a entender que a oposição política ao especismo é uma forma de “ódio”, já que se refere à defesa do boicote a empresas matadoras de cobaias como uma maneira de “espalhar o ódio”.
Aliás, é bizarro e risível ele se dizer “contra” a propagação de ódio e “a favor do amor” no mesmo vídeo no qual o que ele mais faz é disparar e incitar ódio contra quem discorda dele.
Conclusão
Conteúdos como o vídeo aqui respondido nos revelam um infeliz fato: muitos influenciadores que se dizem “veganos” e “amantes dos animais” estão relativizando a exploração animal e desvinculando o veganismo da ética libertacionista, em defesa do lucro de grandes corporações.
Não podemos deixar que gente desse tipo desmonte a essência ética e política do modo de vida vegano, reduza-o a um mero consumo vegetariano baseado em sentimentos individuais e crie oportunidades para empresas inescrupulosas lucrarem com uma população que deveria estar combatendo as políticas antiéticas delas.
Então, se você assistiu ao vídeo do VR, recomendo que reflita se o que ele defende é realmente o veganismo ou um hábito de consumo que não tem quase nada a ver com o nobre movimento que a Vegan Society criou para combater a exploração animal e cujo amadurecimento os veganos políticos estão promovendo. Não se deixe enganar por quem não se interessa pelo fim do especismo.
Afinal, os animais definitivamente não merecem que vídeos como esse ajudem a relativizar e perpetuar sua inferiorização moral e sua opressão por corporações que usam selos falsamente veganos em diversos produtos seus.
3 comments
1. O vídeo do VR é sobre o consumo de produtos de determinadas marcas por veganos, e não sobre não veganos consumindo ultraprocessados vegetarianos.
2. “mas de qualquer maneira quem quer consumi-los que o faça” – E os animais?
Obrigado pelo texto, Robson. Esse “processo gradual de transição” que alguns veganos gostam de falar é uma visão tão ingênua que chega a me preocupar.
Eu vi um vegano abolicionista conhecido
como @veganoricca no Instagram ridicularizar uma jovem portadora de uma doença rara e que sofreu cyberbullying de um seguidor dele até tentar suicídio quando a jovem tentou avisar que alguns restaurantes estavam colocando produtos de origem animal escondido dos veganos. Não sei se é próprio do movimento, mas a quantidade de influenciadores veganos agressivos e cruéis com as pessoas me é aterradora, tanto que proibi minha filha de se juntar ao veganismo por não querer que ela sofra tal violência. Esse Vegetarirango é só a ponta de uma imagem violenta que o veganismo tem inspirado aos que tentam conhecer o movimento, tem uma galera bem pior por aí